terça-feira, 9 de junho de 2015

A HISTÓRIA DE MARCIO - POR LÍLIA CAMPOS



Aos dezoito dias do mês de agosto de mil novecentos e setenta e sete, nascia no seio das famílias Machado e Rodrigues, o segundo filho do casal: um menino chamado Marcio.

Apesar de todos os problemas enfrentados pela genitora, Marcio foi um menino muito desejado e sua chegada trouxe bastante alegria para a casa.

Porém, por volta de 1 ano e 6 meses, seus pais começaram a perceber que Marcio era diferente, pois, além de não emitir sons, por diversas vezes chamavam seu nome e ele não virava para ver. Batia-se panelas, faziam barulho e nada de reação ao som.

Foi então que se iniciou a busca por um diagnóstico preciso, que veio como uma facada para os genitores: Marcio era surdo bilateral profundo e nunca iria falar ou mesmo escutar.

A princípio, a família preferiu negar a informação, a se desesperar com a situação, pois alguns médicos chegaram a dizer que não aceitassem que Marcio apontasse ou fizesse mímicas, senão poderia ter problemas cognitivos. 

Após muitas idas e vindas de Fortaleza para o Rio de Janeiro (INES), finalmente Marcio adquiriu seu aparelho para surdez e começou a ser oralizado visando um mínimo de comunicação.

No desespero de não saber o que fazer com seu filho e com medo que ele ficasse "retardado", Socorro resolveu então fazer uma promessa para São Francisco das Chagas, na esperança de que seu filho aprendesse pelo menos a escrever para poder se comunicar de forma adequada.

Os anos se passaram e Marcio fez fonoterapia por pelo menos 10 anos seguidos. Sua vida se resumia às idas e vindas para a fonoaudióloga, e a buscar vagas para estudar, pois, como o pai trabalhava em banco, sempre era transferido de cidade a cidade, dificultando ainda mais a vida do filho.

Iam de escola em escola, se humilhando para conseguir um local que o aceitasse como uma pessoa normal, porém, os argumentos eram sempre os mesmos: "não temos profissionais habilitados, mas podemos colocar em uma sala junto aos 'excepcionais' (termo muito usado na época para pessoas com algum comprometimento cognitivo)".

Socorro não conseguia compreender tamanho preconceito e continuava tentando, insistindo, lutando. E, do seu jeito, ia ensinando ao filho a se comunicar e a escrever.

Marcio detestava ir pra fonoterapia, pois não sentia prazer em reproduzir sons sem saber ao menos o q estava fazendo. Para ele, era algo cansativo e sem sentimento de satisfação, como se um macaco ou um cachorro tivesse sendo adestrado. Afora o fato de que o aparelho auditivo amplificava tanto os sons externos q Marcio vivia com dor de cabeça, porém, continuava sem ouvir. Eram apenas pancadas de som grave, como que um subwoofer ligado às suas orelhas, ao invés de sons mais agudos, vozes, melodias ou barulhos da natureza.

Por diversas vezes, Marcio desligava o aparelho auditivo, evitando maiores incômodos, tendo em vista que, para ele, não fazia diferença a presença do mesmo, e não havia emoção alguma em "ouvir" esses barulhos q chegavam até ele. Foi qdo uma pessoa viu Socorro e Marcio num ponto de ônibus e explicou que havia uma escola específica para surdos.

A mãe não pensou duas vezes e levou o Marcio que, na época já se encontrava na pré adolescência, para conhecer o local. A escola indicada, se tratava do Instituto Filippo Smaldone. Uma escola de freiras que visava a oralização, socialização e aprendizado dos alunos surdos.

Ao entrar na escola, Marcio sentiu uma emoção que jamais imaginou vivenciar: que ele não era o único surdo no mundo e havia vários meninos iguais a ele. Todos se comunicando com as mãos.

Crianças felizes, correndo por todos os lados, a brincarem e se comunicarem como podiam. Foi como se Marcio acordasse de um pesadelo, pois até então, seu envolvimento era com os amiguinhos de infância (todos ouvintes) e seus animais de estimação (um macaco prego, um cocker spaniel e uma preguiça).

Ao ver a felicidade e interação fácil do filho com os demais alunos surdos, da escola, Socorro se sentiu aliviada de tanta busca e resolveu matriculá-lo imediatamente.

Em menos de seis meses Marcio já sinalizava como se sempre tivesse falado em Língua de Sinais. A vontade de crescer e de se comunicar era tamanha que rápido absorveu os conteúdos escolares os quais estavam bastante defasados e passou a se desenvolver de forma adequada e satisfatória na escola. Porém, a parte ruim chegou: a escola só funcionava com o ensino fundamental e Marcio teria que novamente mudar de escola. Foram em busca do Instituto de Surdos, porém, os pais preferiram tentar uma escola particular, pois Marcio já estava se desenvolvendo bem. E assim aconteceu: Marcio estudava com ouvintes e, depois das aulas, junto aos amigos da escola, ia aprendendo os conteúdos.

Nesse meio tempo, o contato com os surdos apenas aumentou e Marcio começou a frequentar semanalmente locais em comum aos seus pares e a iniciar a luta pela implantação da Língua de Sinais como uma língua de fato.

Ao terminar o ensino médio, Marcio ingressou imediatamente na faculdade e, pela primeira vez, pôde ter um intérprete para ajudar a repassar o conteúdo, que sempre era feito pelos colegas de sala. Foi no ano em que a Libras passou a ser reconhecida como língua e os intérpretes puderam atuar nas escolas e universidades. Nesse mesmo período, começou a trabalhar como professor de libras e informática educativa para os alunos do Instituto Cearense de Educação de Surdos. Nessa época a diretora Norma Leite Barbosa Campos, diretora da escola, havia iniciado uma luta junto à comunidade surda, para a implantação da Libras e ensino da língua junto aos pais dos alunos surdos, visando uma melhor relação familiar. Marcio entrou nessa luta sem imaginar que mais a frente, sua chefe se tornaria sua sogra.

No ano de 2005, Marcio formou-se em Projeto e Implementação de Redes de Computadores. Uma vitória gigantesca não apenas para ele - devido às suas superações diárias - mas para Socorro, q lutou tanto por ver esse dia. Mal sabia ela q Marcio ainda iria surpreendê-la bastante, pois, a partir daí, iniciou a fase de sucesso de Marcio.

Em 2007, Lília ingressou como psicóloga do Instituto de Surdos. Foi quando conheceu Marcio. No fim desse mesmo ano, os dois iniciaram o namoro. Nesse mesmo ano, Marcio foi aprovado com louvor no Exame Nacional de Certificação de Proficiência no Ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – Nível Superior.

Lília passou a incentivar ainda mais nos estudos de Marcio e o mesmo ingressou no curso de Mestrado em Educação ao mesmo tempo que fez uma especialização em Docência do Ensino Superior. Começou então, a ministrar aulas em universidades de Fortaleza e do interior, buscando dar maior conhecimento às pessoas sobre a Cultura e Comunidade Surdas, bem como o aprendizado da Libras de forma consistente.

Casaram-se em 2009 e aos poucos foram formando sua própria família, a qual se iniciou com os dois cachorros da raça shih tzu - Boss e Bila - que são seus "filhos adotivos" e se comunicam com Marcio através da Libras.

Em 2010, Marcio foi convidado para implantar e implementar o CREAECE, onde participou de diversas bancas de avaliação de intérpretes de Libras e instrutores surdos. Também, junto à equipe de surdos da instituição, começou a elaborar apostilas de Libras através dessa instituição para divulgação da língua e distribuição em todo o Estado do Ceará.

Em julho desse mesmo ano defendeu seu Mestrado em Educação, sendo aprovado com louvor pela banca e resolveu ingressar no Doutorado em Ciências da Educação, dedicando-se ainda mais a palestras e aulas sobre o assunto.

Em julho de 2014, Marcio defendeu seu doutorado, e, mais uma vez foi aprovado com louvor. Dessa vez, participava da banca examinadora a equipe do MEC e todos ficaram encantados com sua pesquisa e seu trabalho, bem como toda a sua superação. Sua defesa foi emocionante para todos que lá estavam. Foi a esposa Lília quem interpretou e, nem mesmo ela conseguiu conter a emoção ao transmitir o conteúdo passado e ao ver Marcio ser aplaudido de pé por todas as pessoas que se encontravam no auditório lotado da Universidade.

Marcio foi o primeiro surdo bilateral profundo do nordeste do Brasil a conseguir ingressar e concluir Doutorado em Ciências da Educação.

Em outubro de 2014, Marcio e Lília foram a Washington conhecer Gallaudet: a primeira universidade de surdos do mundo. Foi uma experiência ímpar para ambos, que puderam trazer novas informações para a comunidade surda.

Em fevereiro de 2015, Marcio foi convidado pelo Secretário de Educação do Município - Jaime Cavalcante - para fazer a implantação e implementação da Escola Bilíngue da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Em agosto desse mesmo ano, após aprovação na seleção de diretores, assumiu de fato e de direito a direção dessa escola, que passou a se chamar Escola Municipal de Educação Bilíngue Francisco Suderland Bastos Mota. Esse trabalho tem sido bastante enriquecedor para Marcio, que viveu na pele o que é estudar numa escola que não está adequada para suas necessidades.

Hoje Marcio tem uma filha chamada Liz, a qual ainda tem meses de vida, mas já está aprendendo de forma natural a língua materna do pai. 

Marcio continua a ministrar cursos e palestras sobre surdez e Libras nas universidades de Fortaleza e seus cursos agora são ministrados na Fields Center, empresa da sua esposa Lília e seu cunhado Germano, ambos bastante engajados na acessibilidade adequada dos deficientes à sociedade.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

CURSO DE ALTA PERFORMANCE PARA O ESTUDO

Vc q está estudando para concursos, prova da OAB, Mestrado, Doutorado, Vestibulares, dentre outras situações q exigem muito esforço, vale a pena conferir. O CURSO DE ALTA PERFORMANCE PARA O ESTUDO É A SOLUÇÃO. MATRICULE-SE JÁ!!!



O Curso de Alta Performance para o Estudo, como o próprio nome sugere, tem como objetivo formar o aluno em um estudante de alta performance, com a capacidade de estudar e aprender com mais qualidade ao adquirir as habilidades e as competências de um estudante profissional.
Datas e Horários: 04 e 05 de julho (8h00m às 12h00m e 13h00m às 7h00m)                           
                  11 de julho (8h00m às 12h00m)      
Público: TURMAS COM ATÉ 25 pessoas
Público Alvo: Concurso Público, OAB, Mestrado, Doutorado, Vestibulares, ENEM, Graduação, Professores.
Investimento: R$ 180,00
                       R$ 150,00 para os alunos que se matricularem até 30/06

Faixa Etária: mínimo 15 anos de idade   

maiores contatos: http://www.fieldscenter.com/

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

sábado, 23 de março de 2013

NUNCA PERCA A FÉ NA HUMANIDADE


SEJA SELETIVO NAS SUAS BATALHAS


SURDO-MUDO: APAGUE ESSA IDEIA


NÃO TEMA A MUDANÇA


CAMPANHA: DIGA NÃO AO SEU FILHO


RESPEITO E CUIDADO AO IDOSO


AS AÇÕES E SUAS CONSEQUÊNCIAS


ALGUNS DEFEITOS SÃO AS MELHORES QUALIDADES


FAÇA DOS SEUS SONHOS UM OBJETIVO


É PRECISO APRENDER A OUVIR...


A VIDA MUDA QUANDO VOCÊ MUDA