quarta-feira, 2 de novembro de 2011

PROFISSIONAIS DE SAÚDE SÃO HABILITADOS EM LIBRAS



Profissionais de saúde são habilitados em libras para tornar mais eficaz a consulta e a relação entre o médico e o paciente surdo.

Imagine estar num outro país, precisando de uma informação importante, mas sem conhecer o idioma local. Mesmo falando devagar, fazendo gestos, é difícil se fazer entender. Uma situação como essa pode não fazer parte do cotidiano da maioria da população, mas existe uma parcela significativa de pessoas que, diariamente, passam por uma experiência semelhante: OS SURDOS.

De todas as situações enfrentadas no dia a dia, a consulta ao médico é, particularmente, um momento de extrema importância para que haja, de fato, uma eficaz e perfeita interpretação/diálogo entre o paciente e o profissional. Nesse sentido, a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, através da Escola de Saúde Pública, está qualificando profissionais da saúde em cursos de Língua Brasileira de Sinais (Libras), com o objetivo de facilitar o atendimento a pessoas com necessidades especiais.

"Hoje temos um número muito grande de portadores de algum tipo de necessidade, que precisam de atendimento diferenciado de acordo com as suas necessidades. O surdo deve ser atendido pela Libras, que é a que ele entende. É muito difícil o surdo ser atendido numa unidade de saúde, porque as pessoas não conhecem o sistema e eles se sentem mal-atendidos", afirma Erika Belém, professora e coordenadora pedagógica do Curso de Extensão em Libras.

A Língua Brasileira de Sinais é a maneira utilizada pelos surdos para se comunicar, utilizando como base o movimento das mãos. Desde 2005, a Libras é reconhecida oficialmente no Brasil, como meio legal de comunicação e expressão.

A própria alfabetização dos surdos é diferenciada. Por isso não se deve exigir que eles consigam se manifestar através da escrita. "Libras é o idioma oficial dos surdos no Brasil e que deve ser respeitado. O surdo não tem capacidade de entender a nossa linguagem. Não adianta você querer colocar que o surdo aprenda o português convencional, porque ele vai ter dificuldade", afirma Erika Belém.

Escrita de "garranchos"
A escrita de alguns médicos costuma ser alvo comum de reclamação de quem tem em mãos uma receita e precisa decifrá-la para conseguir comprar os medicamentos. Mas para Francisco Sérvulo Gomes, 50 anos, surdo, a situação é ainda pior. "Certa vez fui ao hospital sozinho e tentei me comunicar com o médico através da escrita, mas quando ele respondia, eu não conseguia entender a letra com garranchos. Eu pedia para o médico reescrever de forma mais legível, mas ele não conseguia, então precisei chamar um intérprete", conta o professor de Libras, com a ajuda do intérprete Guilherme Júlio da Silva.

Francisco Sérvulo reclama ainda que alguns profissionais de saúde não têm paciência ao tentar estabelecer uma comunicação com o paciente surdo, que acaba sendo mal-atendido. Por isso, sempre que vai fazer uma consulta, procura a ajuda de um intérprete. "Essa ainda não é a solução ideal, pois uma consulta médica é um momento mais particular e a presença de outras pessoas não é agradável. Mas, infelizmente, precisamos nos submeter a isso", descreve.

A relação que estabelece confiança é decisiva nos resultados do tratamento de saúde. Assim, não só no caso dos surdos, mas como com qualquer outro paciente, o médico não deve apenas oferecer um suporte técnico. É necessário proporcionar uma comunicação eficaz, priorizando a atenção e a compreensão dos problemas do paciente. A questão da humanização no atendimento influi diretamente no estado geral do paciente.
O aumento no número de cursos que ensinem aos profissionais da saúde a Lingua Brasileira de Sinais já representa um avanço no processo de inclusão dos pacientes surdos. Mas para Erika Belém, o ensino deveria ser estendido desde a formação acadêmica dos médicos. "O único curso que trabalha para facilitar o atendimento é a Fonoaudiologia. O restante possui apenas disciplinas complementares, não são obrigatórias", afirma Erika.

A preparação dos médicos é essencial para que o paciente surdo possa se sentir à vontade. "A falta de compreensão entre o médico e o paciente surdo não traz apenas os riscos físicos, mas também psicológicos, porque é constrangedor para o surdo não ser entendido. O profissional habilitado para falar com o surdo vai responder às expectativas daqueles que têm uma necessidade especial que precisa ser bem atendida", conclui Belém.


FONTE: Diário do Nordeste


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